A CONDIÇÃO DE SERVO
“Então, Josué disse a todo o povo [de Israel]: ( … ) Escolhei hoje a quem sirvais; ( … ) porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. (Josué 24:2, 15)
Servir ao Senhor é uma realidade ou apenas uma desculpa esfarrapada dita da boca para fora? Nós, como cristãos, estamos de fato servindo ao Senhor? Ou qualquer aniversário, festa, compromissos pessoais, lazer, oportunidade de ganhar dinheiro ou qualquer outra coisa é mais importante do que adorar a Deus na beleza de Sua Santidade? Sempre falamos entusiasticamente quando lemos Josué 24, “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”; mas, até que ponto isso é uma verdade prática?
O que precisamos entender é que o serviço é algo que não podemos escapar. Somos salvos para servir. E servimos, mesmo sem perceber. A questão não é se vamos servir é a quem servirmos. Ou servimos a Deus e o seu Reino ou serviremos a nós mesmos. Simples assim. Não há escapatória. A realidade é que na maior parte do tempo servimos a nós mesmos, ou não é verdade? Nossos planos, projetos, tempo, dedicação é, quase sempre, para alimentar o Narciso que existe em cada um de nós.
Alguns dizem: “Não sirvo aos homens, sirvo a Deus”. Ora, à luz do Evangelho só servimos a Deus se servirmos as pessoas. E principalmente na igreja, independentemente de quem seja o líder, você deve em tudo trazer glória para Deus. Não há como divorciar isso. Quem é de Deus mostra o amor para com os outros, do contrário, será apenas um religioso tentando disfarçar seu orgulho e prepotência. Responda para si mesmo: você está horando a Deus com suas atitudes com seu próximo?
Paul Tripp já disse que: “Nossa vida é moldada pela batalha entre o reino de Deus e o nosso reino pessoal”. Não queremos, na maioria das vezes, submeter aos desejos e às necessidades de outros. O problema que surge é que não podemos obedecer a Deus e aos nossos interesses ao mesmo tempo. "Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro (...)”. Mateus 6:24.
A verdade é que sempre serviremos aquele que tiver a primazia no coração. Se, por exemplo, num domingo à noite escolhemos ficar em casa ao invés de adorar a Deus (Claro, tirando aqueles que não podem ir por enfermidade, trabalho ou outra situação justificável) isso é sinal de que Ele não é primazia para nós. Buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, como jesus falou não tem lá tanta importância se posso ficar com a consciência tranquila no meu doce lar. Mas o chamado de cada cristão, do verdadeiro cristão, é servir a Deus como resposta de gratidão pela Graça do Evangelho. Quem são os servos na igreja que realmente estão servindo? E o mais importante: quais as suas motivações? Alguns gostam mesmo é da “apresentação” e “pavoneamento” público. Se não for para “me apresentar” por que devo ir – alguns pensam.
Penso que há uma imensa necessidade de pessoas para servir na igreja pelas razões certas. Deus não precisa, à priori, de ótimos músicos, excelentes pregadores, cantores afinadíssimos ou oficiais simpáticos, embora tudo isso seja necessário. Deus chama principalmente servos que sirvam por gratidão e amor sem olhar para si mesmos como Narciso embebido e apaixonado pela própria imagem. Afinal, o resultado de todo pavoneamento é a morte.
John Stott perguntava: “Quando os cristãos retomariam o ministério de todos os santos, no qual cada cristão exerce seus dons para ministrar aos outros”? Só há um objetivo no serviço: glorificar a Deus e engrandecer o Evangelho para o benefício dos outros. E se você é líder de algum departamento ou grupo, seu serviço é de maior importância e responsabilidade. Como querer que os seus liderados sirvam a Deus se você mesmo não tem o mesmo compromisso no Reino? Acho que devemos aprender com o Mestre que disse: “Porquanto quem é o maior: o que está reclinado à mesa, ou o que serve? Porventura, não é o que está reclinado à mesa? Contudo, entre vós, Eu Sou como aquele que serve” (Lucas 22.27).
Devemos ser mais importantes que nosso Senhor? Que Deus nos ajude. “Soli Deo Gloria Nunc Et Semper” (Somente a Deus damos a Glória, agora e sempre).
Vosso conservo:
Pr. Antônio Pereira Jr.
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