quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

ENTÃO, É NATAL?

ENTÃO, É NATAL?



O Natal é uma época mágica. Na infância, ficávamos ansiosos para montar a árvore com os enfeites, bolas coloridas, embrulhar os presentes, ligar o pisca-pisca, enfim, um momento único que eu desejava que durasse para sempre. Isso é o que os filósofos chamam de felicidade: um momento que gostaríamos que durasse eternamente. Falava-se do “espírito” natalino que invadira o coração dos homens. A bondade era a principal nota tocada. Quando pensamos em Natal, as primeiras imagens que chegam a nossa mente é a da árvore de Natal cheia de enfeites com presentes maravilhosos, uma ceia farta esperando para ser religiosamente devorada, e a figura comercial do Papai Noel.
Então, é Natal?
Pensamos na bela decoração, nos belos hinos entoados nas grandes catedrais. Corais impecavelmente ensaiados com vozes perfeitamente divididas (Quando Jesus nasceu teve coral – dos anjos –, miríades do coral celestial, saudando ao Rei dos reis e Senhor dos senhores). Contudo, esse Natal aparente não é o verdadeiro Natal. O personagem principal do verdadeiro Natal não é Noel, ele não é, e nunca foi, o personagem principal do Natal verdadeiro. É Jesus de Nazaré, o único aniversariante que não foi convidado para a sua festa. Sim, porque a palavra Natal significa simplesmente “aniversário”.
O que é, de fato, o Natal? Natal é a encarnação da misericórdia. Aliás, misericórdia vem de duas palavras latinas “misere” e “cordia” (de onde vem a palavra coração) significando o seguinte: ter misericórdia é sentir a miséria do outro em seu coração. Na antiguidade significava o punhal que os cavaleiros traziam do lado direito e com que matavam o adversário derribado, a menos que este pedisse misericórdia. Foi isto que Deus fez em Cristo. Sentiu a nossa miséria em Seu coração, a ponto de enviar Seu próprio filho para morrer por nossos pecados. Pois, ele: “foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.5).
Então, é Natal?
Natal é tempo da Graça de Deus derramada em nosso favor na “plenitude dos tempos”. O nosso Salvador, o nosso Redentor, o nosso Senhor nasceu. Hosana no mais alto dos céus. Deus se fez carne e visitou com misericórdia a terríveis pecadores como eu e você. Glória a Deus por isso. É tempo de sentir a miséria dos outros em nossos corações, assim como Jesus, e por isso, o Natal verdadeiro dura o ano inteiro, não é apenas a festa de dezembro.
Então, é Natal?
Natal é tempo de ação. Já dizia a música de Lennon: “Então é Natal, e o que você fez”? Cumpriu suas promessas feitas no começo do ano? Realizou os desejos idealizados no réveillon? O Natal só será Natal, de fato, quando nós, a Igreja do aniversariante, deixar de ser mesquinha e dividir o pão; quando valorizarmos mais as pessoas do que as coisas; quando deixarmos o amor falar mais alto do que o dinheiro; quando o templo do Espírito Santo for mais importante do que o templo de tijolos. Quando formos mais parecidos com Jesus... então, será Natal...
Será Natal, quando o Rei disser: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.
Um fato interessante do natal de Jesus é que não havia lugar para Ele na estalagem, mas, hoje, há lugar para Cristo em teu coração? No teu lar? No teu casamento? Na tua Igreja?
Então... é Natal?


Pr. Antônio Pereira Jr.
(1ª Igreja Congregacional em Guarabira – PB).
E-mail: oapologista@yahoo.com.br



domingo, 23 de agosto de 2015

AVIVAMENTO OU AVILTAMENTO?




 AVIVAMENTO OU AVILTAMENTO?


Estas duas palavras são parecidas, porém, divergentes. Temos visto que, na igreja hodierna, elas misturam-se na mente do povo de Deus. Infelizmente, muitos não conseguem distinguir uma da outra. Deixe-me dar a definição de ambas.

John Stott define avivamento ou reavivamento como: “... uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por ela. Os inconversos se convencem do pecado, arrependem-se e clamam a Deus por misericórdia, geralmente em números enormes e sem qualquer intervenção humana. Os desviados são restaurados. Os indecisos são revigorados. E todo o povo de Deus, inundado de um profundo senso de majestade divina, manifesta em suas vidas o multifacetado fruto do Espírito, dedicando-se às boas obras” (A verdade do Evangelho, p. 119).

Creio que Deus pode, e frequentemente o faz, operar um grande reavivamento em nossos dias para reavivar a igreja que está dia-a-dia descendo ladeira abaixo empurrada pelo vento do modernismo, da falta de firmeza doutrinária, da escassez de uma santidade impactuante e não legalista. E que isso, na realidade, é necessário e urgente. A igreja precisa de reavivamento e reforma doutrinária. Não obstante, muito do que se vê por ai não passa de descarado aviltamento.

Já a palavra “aviltamento” significa: vileza, desonra, ignomínia, descrédito, vergonha. A maioria dos “avivamentos” que existem por ai não passa de aviltamento. Verdadeira vergonha de um pseudo-evangelho, uma pseudo-salvação. Verdadeira infâmia contra a santidade de nosso Deus maravilhoso.

Vários períodos da história da Igreja pós-apostólica foram marcados por reavivamentos maravilhosos, onde Deus usou soberanamente homens falíveis para uma proclamação das verdades de um Deus infalível. Por exemplo: A Reforma Protestante (John Wycliffe, Lutero, Calvino, Knox), Reavivamento Morávio (conde Zinzendorf), o Grande Reavivamento do séc. XVIII (John Wesley, Charles Wesley e Jorge Whitefield), Reavivamento Americano de 1725 e 1760 (Teodoro Fredinghuysen e Jônatas Edwards), só para citar alguns.

Todos os despertamentos históricos foram marcados em contraposição por desvios e abusos que tentaram passar por avivamento, mas que nada mais eram que aviltamento. Gostaria de falar, em breves palavras, sobre o que NÃO é reavivamento espiritual:

1. Reavivamento não é simplesmente agendar programações, promover campanha evangelística, retiros, etc. O Espírito Santo de Deus age como Ele quer e não segundo as nossas concepções e agendamentos humanos. “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai...” (João 3:8 a).

2. Reavivamento não é assistir “Louvorzão”. Realizar encontros de jovens e reuniões de avivamento. Não é animação no culto. Participar de uma “coreografia santa” não é reavivamento. Pessoas podem dar amém na hora certa, levantar as mãos para o céu, chorar, cair, mas essas coisas não querem dizer que haja verdadeiramente um mover do Espírito.

3. Reavivamento não é linguajar religioso. “Tome posse da bênção”; “Eu decreto”; “Ta amarrado”. São essas as frases, dentre tantas outras, que os cristãos brasileiros estão usando como mantras espirituais dentro das igrejas. O linguajar tem que ser este. Quem não anda por essa cartilha é taxado de cru. Isto é inconcebível.

4. Reavivamento não é praticar um “pentecostalismo descompromissado”. Em Mt 7. 22 – 23 está uma advertência séria com relação a práticas tão populares hoje. Veja o texto: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”. Veja que “igreja” maravilhosa. Existia profecia: “não profetizamos nós em teu nome?”. Existia exorcismo: “não expulsamos demônios?”. Existiam curas e milagres: “não fizemos muitas maravilhas?”. Contudo, Deus os reprovou! A advertência é séria: “Nunca vos conheci”. Em outras palavras: “Vocês não são dos meus”. O problema é que essas pessoas irão descobrir isso muito tarde. Espero que você não seja uma delas.

5. Reavivamento não é mudar os costumes. – Mt 23. O próprio texto de Mateus 23 é contundente. Fala por si. “Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. O maior dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado”. (v. 1-12). Conheço várias pessoas que poderiam encaixar-se perfeitamente nessas advertências. Lembrem-se: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!”

6. Reavivamento não é mudar de teologia. As pessoas mudam de doutrinas como se muda de roupa. Não existem raízes. São como uma folha seca levada pelo vento. Basta surgir um propagador de bênçãos e ele estará lá. Não se questiona nada, o importante é sentir. Chamo isso de “sensitividade herética”. Charles Spurgeon já advertia a igreja a mais de cem anos atrás: “As pessoas dirão: ‘Gostamos desta forma de doutrina e gostamos também da outra’. Mas o fato é este: eles gostariam de qualquer coisa, desde que um enganador esperto lhes apresentasse isso de uma maneira aceitável. Eles admiram Moisés e Arão, mas não diriam uma palavra contra Janes e Jambres. Não devemos ser cúmplices daqueles que visam criar esta mentalidade. Temos de pregar o evangelho de modo tão distinto que o nosso povo saiba aquilo que estamos pregando. ‘Se a trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalha?’ (1Co 14.8). Tenho ouvido dizer que uma raposa, que é perseguida muito de perto pelos cães, finge ser um deles e corre com eles. É isso que alguns estão desejando agora: que as raposas pareçam cães. Existem pregadores dos quais é difícil dizer se são cães ou raposas; contudo os homens não podem ter dúvidas sobre as coisas que ensinamos ou cremos”. – Charles Spurgeon. (1834 – 1892)

Spurgeon também dizia: “Nada há de novo na teologia. Exceto o que é errado”. Ou seja, a teologia bíblica é aquela pregada por Paulo, Pedro, João etc. São as “velhas doutrinas” que fazem bem a alma e salva o pecador.

7. Reavivamento não é algazarra eclesiástica. O que temos visto em muitos arraiais não passa de algazarra eclesiástica. Há muito pulo, gritos, meneios, mas pouca santidade prática. Pouco compromisso com a obra de Deus. Quase nenhuma intenção de evangelizar os povos que ainda não ouviram o evangelho de Cristo. Ninguém quer sair de suas cadeiras confortáveis para lugares inóspitos.

Isso me lembra uma velha fábula: “Era uma vez quatro pessoas que se chamavam "Todomundo", "Alguém", "Qualquerum" e "Ninguém". Havia um importante trabalho a ser feito e "Todomundo" acreditava que "Alguém" iria executá-lo. "Qualquerum" poderia fazê-lo, mas "Ninguém" o fez. "Alguém" ficou aborrecido com isso, porque entendia que sua execução era de responsabilidade de "Todomundo". "Todomundo" pensou que "Qualquerum" poderia executá-lo, mas "Ninguém" imaginou que "Todomundo" não o faria. No final da história; "Todomundo" culpou "Alguém" quando “Ninguém", fez o que "Qualquerum" poderia ter feito”. Pense nisso quando tiveres que fazer algo na Obra de Deus.

8. Reavivamento não é crescimento do número de membros. Penso que um dos maiores problemas da igreja nesses últimos tempos é o inchamento de livros de registro de membros. Pelo simples fato de que, na grande maioria das vezes, colocam-se pessoas no rol de membros da Igreja local, quando ela não pertence à Igreja Universal de Cristo. Hoje, mais do que nunca, as igrejas estão cheias de pessoas não convertidas, o que gera uma igreja cancerosa, morta, inoperante. Que Deus tenha misericórdia de nós.

AFINAL, O QUE CARACTERIZA O VERDADEIRO REAVIVAMENTO?

Algumas marcas podem ser detectadas nos verdadeiros reavivamentos trazidos por Deus através da história. Além das características que John Stott nos apresenta em sua definição acima, gostaria de traçar alguns breves e limitados pontos no que concerne ao verdadeiro reavivamento:

1) O verdadeiro reavivamento traz toda honra a Deus. A figura humana não aparece, Deus é que é admirado. Os holofotes estão em Deus, em Sua pessoa, Seu caráter, Sua santidade, Seu poder, Sua honra e Sua glória. O arbítrio humano dá lugar à soberania divina. O homem reconhece que não passa de “um caco de barro no meio de outros cacos” – Isaías 45:9

Edwards disse que: “nenhum avivamento ou experiência religiosa é genuína se não realçar esse Deus sublime em sua soberania, graça e amor”. Ele advertiu contra dois grandes erros no avivamento. Primeiro, o mero emocionalismo. Segundo é dar ênfase não a Deus, mas às respostas humanas. O reavivamento que não se preocupa com a glória suprema de Deus não é reavivamento é aviltamento.

Alguns líderes quando estão falando de Deus, geralmente procuram incutir na mente das pessoas aquilo que Deus jamais diria. Eles dizem: “Deus vai fazer isso amanhã”; “No próximo culto Deus vai operar e vai batizar, curar, etc”; “Vamos fazer uma semana de reavivamento e vocês irão ver Deus fazendo maravilhas”.

Não estou dizendo que Deus não pode fazer, Ele faz o que quiser e não pede licença ao homem. O que estou dizendo é que Deus não trabalha de acordo com a agenda humana. Lamento informar, mas Deus não nos deu a Sua agenda de amanhã, muito menos da semana que vem.

2) O verdadeiro reavivamento expõe as verdades antigas do evangelho. Avivamento sem retorno às verdades da Palavra de Deus não passa de aviltamento. Charles Spurgeon certa vez disse o seguinte: “Nada há de novo na teologia, exceto o que é errado”. Não há avivamento sem o desejo por entender e estudas a Palavra.

3) O verdadeiro reavivamento leva os cristãos à profunda santidade. Consequentemente a Igreja cresce em quantidade e qualidade. A primeira não fica em detrimento a segunda. É verdadeira mudança no comportamento.

4) O verdadeiro reavivamento traz abertura, convicção, quebrantamento, confissão e arrependimento do pecado. É descoberta toda podridão do coração depravado do homem, ele sente a nojeira do pecado e é levado a refugiar-se na graça de Cristo.

Grande parte dos cristãos de hoje não sabem nada sobre o pesar do coração em contrição à santidade de Deus. Os puritanos falavam de “agonizar

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno. Salmo” – 139:23,24.

5) O verdadeiro reavivamento traz uma nova vida à ação missionária da Igreja. Reacende a chama por missões. O amor ao perdido é reanimado pela ação irresistível do Espírito Santo. Traz mudança na sociedade em que a Igreja está inserida.

Amados, tenhamos cuidado para não querermos “produzir reavivamento” no intuito de agradar aos homens, granjear ovações e considerações que não servem para nada, senão, para acariciamento do ego e inchamento da nossa natureza carnal. Lembrem-se: “... uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus”.

Nenhum homem pode “produzir” reavivamento. Todo “reavivamento” produzido pelo homem é, sem sombra de dúvidas, aviltamento. Espero que você tenha sido abençoado por estas breves considerações.

Vigiemos para que nosso “avivamento” não se torne em aviltamento a Deus, a quem devemos dar toda honra, toda glória e todo louvor. Como nos diria João Batista: “Importa que Ele cresça e que eu diminua” – João 3:30


Clamemos como o salmista: “Porventura, não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?” – Salmo 85.6.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

INTRODUÇÃO AOS ATRIBUTOS DE DEUS


INTRODUÇÃO AOS ATRIBUTOS DE DEUS



Romanos 11.33-36

Podemos conceituar Deus? Podemos explicar o que Deus é em perfeição? Não podemos dissecar Deus como se faz a um cadáver e explicar todos os pormenores se Sua Pessoa. O finito não pode compreender o Infinito. Foi o que Paulo declarou em Romanos 11.33-36 “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”.

No entanto, dentro de nossa incapacidade, finitude e ignorância o próprio Deus nos mostra uma partícula de quem Ele é. Através de seus atributos – ou aquilo que Ele nos permite saber – podemos ter uma idéia de Sua Magna Pessoa.

Para que é importante conhecer os atributos de Deus? Quero dar quatro razões simples:

(1) Conhecendo os atributos de Deus saberemos um pouco quem Ele é, Seu caráter, pensamento e vontade;
(2) Conhecendo a Deus como Ele é podemos honrá-Lo como merece, prestando-lhe uma adoração bíblica;
(3) Estaremos mais preparados para fazer uma apologia da nossa fé e ficarmos imunes quando as distorções heréticas surgidas no presente século;
(4) Poderemos ajudar a tantos que estão incorrendo em erro grave abraçando as mais diversas heresias e distorções sobre a Pessoa de Deus.

O que é um atributo? ATRIBUTO: (do latim «attribuo») Propriedade inerente ao sujeito sem a qual este não pode existir nem ser concebido. Na filosofia Aristóteles distinguia entre atributo e acidente. Descartes considerava os atributos como propriedades fundamentais da substância. Spinoza entendia que a extensão e o pensamento são atributos da substância única. Segundo os materialistas franceses do século 18, são atributos da matéria à extensão e o movimento; alguns (Diderot, Robinet) incluíam, ainda, o pensamento.

Na teologia, Berkhof, por exemplo, diz que: “os atributos de Deus podem ser definidos como as perfeições que constituem predicativos do Ser Divino na Escritura, ou que são visivelmente exercidas por ele em Suas obras de criação, providência e redenção”. Embora prefira o termo “virtude” ou “perfeições” ao invés de atributos, pois acha que “atributo” pode transmitir a noção de se acrescentar algo ao Ser Divino. (Berkhof, 1994:54)

Existem, entre os teólogos, vários posicionamentos com respeito ao número de atributos de Deus. Alguns falam de atributos naturais e atributos morais, outros de atributos absolutos e relativos, outros de atributos imanentes ou intransitivos e emanentes ou transitivos. A mais comum é entre atributos comunicáveis e incomunicáveis. Não vamos seguir nenhum padrão pré-estabelecido, trataremos de forma geral sobre os atributos de Deus, no final estarei indicando alguns livros que podem auxiliar num estudo mais aprofundado sobre o tema.

Vejamos, agora, um resumo dos vários atributos relacionados nas Escrituras:

OS ATRIBUTOS DE DEUS PROPRIAMENTE DITOS

1 – SINGULARIDADE E SIMPLICIDADE: Deus não é composto de partes, pois toda composição implica imperfeição. O composto depende, necessariamente, dos elementos que o constituem. Deus é, portanto, perfeitamente simples. Um atributo não é mais importante do que outro; todos eles constituem o Ser de Deus. Deus é único no sentido de singularidade como também de simplicidade. Singularidade: Deus é único, numericamente um; há um só Deus. Simplicidade: Deus não está dividido em partes, pois Ele não é composto; entretanto seus atributos são enfatizados em momentos diferentes. Sendo infinitamente simples, Deus é infinitamente uno e indivisível. Mas é também absolutamente único. Supor dois ou mais Deuses igualmente perfeitos, seria absurdo. Dois Deuses seriam idênticos e então se confundiriam, ou seriam diferentes e então não poderiam ser ambos infinitamente perfeitos. 1Re 8.60; Dt 6.4; Mc 12.29, 32; 1Co 8.6; 1Tm 2.5; Jo 17.3; Ef 4.6.

2 – INFINIDADE E IMENSIDADE: Deus é infinito, isto é, sem limite em seu ser, pois é o ser por si, o ser que existe por sua própria essência. Nada existe além e acima de Deus, que de nada depende e ao qual tudo está subordinado. Ele “habita em luz inacessível” (1Tm 6.16), um Deus de “juízos insondáveis” e cujos caminhos são “inescrutáveis” (Rm 11.33). Deus é infinito, ilimitado, ilimitável. “Acaso sou Deus apenas de perto, diz o Senhor, e não também de longe? Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? Diz o Senhor; porventura não encho eu os céus e a terra? Diz o Senhor” (Jr 23.23-24). “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá”. Sl 139.7-10

3 – ETERNIDADE: Sendo infinito, Deus não tem começo nem fim. Só possuem duração limitada os seres imperfeitos. Deus, sendo infinitamente perfeito, é eterno. Não tem passado, futuro, nem presente. A eternidade é um atributo relacionado com a imutabilidade de Deus nos aspecto que o tempo não pode acrescentar ou tirar alguma coisa d'Ele, não pode aumentar nem diminuir o Seu conhecimento. Ele, porém, percebe os acontecimentos no tempo e age no tempo. “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Sl 90.2

4 – INTELIGÊNCIA: Sendo tudo, em Deus, infinito, sua inteligência e sua ciência são também infinitas. Para saber, Ele não precisa raciocinar. Tudo vê e conhece. “... quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?”

5 – VONTADE: A vontade divina não possui limites e é livre de todo obstáculo. Deus basta querer para fazer. Age com absoluta independência e sem contradição. “Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” Dn 4.35.

6 – SABEDORIA: A inteligência infinitamente perfeita de Deus gera a sabedoria absoluta que O faz empregar os meios mais eficazes para os fins mais dignos. Deus Tudo governa com inteligência, segurança e ordem.

7 – BONDADE: Deus é amor infinito e perfeito. Deus é bom em si mesmo; absolutamente nada lhe pode ser acrescentado ou melhorado, pois ele não é incompleto ou defeituoso. Ele é o Sumo bem para suas criaturas; a fonte de todo bem. Sua bondade se manifesta para todas as suas criaturas, pois é a perfeição que o leva a tratar benévolo e generosamente todas as suas criaturas. Este atributo de Deus implica que Ele é o parâmetro definitivo do que é bom, e tudo o que Ele é e faz é digno de aprovação. Gn 1.31; Sl 145.9, 15-16; Sl 100.5; Sl 106.1; Lc 18.18-19; Rm 12.2; Tg 1.17; 1Jo 1.5; At 14.17.

8 – JUSTIÇA: Sendo em grau infinito, inteligente, sábio e bom, Deus é justo. Possuindo santidade absoluta que é ordem do amor, Ele age com justiça infinitamente perfeita. Por isso, pune o mal e recompensa o bem. Deus sempre age segundo o que é justo, e que Ele mesmo é o parâmetro definitivo do que é justo. Dt 32.4: “Ele é a Rocha; suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são justos; Deus é fiel e sem iniqüidade; justo e reto é ele”. Outras referências: Ed 9.15; Ne 9.8; Sl 119.137; 145.17; Jr 12.1; Lm 2.29; 3.4; Ap 16.5; Dt 32.4; Rm 3.25-26; Jó 40.2,8; Rm 9.20,21.

9 – AUTO-EXISTÊNCIA: Esta é uma característica unicamente de Deus. “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma cousa precisasse; pois Ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais” Atos 17.24-25). Deus é auto-suficiente. Ele não precisa de nada nem de ninguém para ser que é ou fazer o que fez e faz. Deus é absolutamente independente de tudo fora de Si, mesmo para continuidade e perpetuidade de seu Ser. Deus é a causa de todas as coisas, sem ser causado.

10 – IMUTABILIDADE OU INALTERABILIDADE: Toda mudança constitui um progresso ou uma decadência. Só mudam e se transformam os seres imperfeitos. Sendo necessariamente perfeito, Deus é imutável, isto é, permanece idêntico a si mesmo, sem nenhuma mudança ou variação. (Ap 22.13; Is 44.6). É o mesmo Deus, único e verdadeiro. Ele não somente é; Ele é o que é, sempre. Nada muda n’Ele. (Hb 1.10-12). “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança”. Tg 1.17. “Porque eu, o Senhor, não mudo”. Ml 3.6

11 – ONIPRESENÇA: Deus não tem tamanho nem dimensões espaciais e está presente em cada ponto no espaço com todo o seu ser; Ele porém, age de modos diversos em lugares diferentes. Deus não está em todos os lugares no mesmo sentido; isto é, a manifestação d’Ele é maior nos céus sua habitação, porém sua manifestação no inferno se dá de maneira punitiva, por exemplo. Deus não tem dimensões espaciais, Ele é o nosso ambiente mais próximo. Seu centro está em todos os lugares; Sua circunferência não está em lugar algum. “Sou eu apenas Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o Senhor. Porventura não encho eu o céu e a terra? diz o Senhor”. Jr. 23.23-24 e ainda Sl. 139.7-10

12 – PRESCIÊNCIA: Se olharmos pelo aspecto em que a palavra “presciência” na Bíblia é empregada, não no sentido de prever eventos ou ações das pessoas, mas, sim, que está relacionada com o conhecimento prévio que Deus tem das pessoas. A presciência de Deus não é causativa, antes Deus conhece de antemão o que será porque Ele decretou o que há de ser. Então concluímos que Deus conhece as pessoas que Ele mesmo elegeu. Rm 8.28-29; 1Pe 1.2. A palavra “presciência” em grego: “prognosis”, não significa apenas “conhecer antes”. Quando este termo é usado com relação a Deus significa frequentemente “olhar com amor”. “Rebeldes fostes contra o SENHOR, desde o dia em que vos conheci”. Dt 9.24. “De todas as famílias da terra, somente a vós outros conheci (escolhi); portanto, eu vos punirei por todas as vossas iniqüidades”. Am 3.2 (grifo nosso). “Conhecer” significa amar. “Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”. Mt 7.23. (Jo 10.14; 1Co 8.3; 2Tm 2.19; Rm 8.29-30; 11.22).

13 – SOBERANIA OU SUPREMACIA: Deus o supremo criador do universo não pode e jamais será influenciado por qualquer atitude humana ou evento de sua criação. Deus a tudo controla e tem o domínio eternamente sobre a vontade dos homens, dos seres celestiais e sobre todo o restante de sua criação. “Tua é, ó Senhor, a grandeza, e o poder, e a glória, e a vitória, e a majestade, porque teu é tudo quanto há no céu e na terra; teu é, ó Senhor, o reino, e tu te exaltaste como chefe sobre todos”. 1Cr 29.11 Como bem expressa A. W. Pink:

● Deus é soberano no exercício de Seu poder – Ex 17.16; 1Cr 29.11-12; Dn 2.22-21.
● Deus é soberano na delegação de Seu poder a outros – Dt 8.18; Sl 29.11; Dn 2.23.
● Deus é soberano no exercício de Sua misericórdia – João 5.1-9.
● Deus é soberano no exercício de Sua graça – Rm 9.19-24; Rm 11.5-6; Ef 2.4-10.
● Deus é soberano no domínio das nações – 2Cr 20.6; Sl 10.16; Ap 19.6; Pv 21.1; Dn 4.35.

14 – SANTIDADE: A santidade de Deus traça o padrão que seu povo deve imitar. “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Sereis santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. Lv 19.2 O Deus bíblico é tanto santo como amoroso, em unidade inseparável em cada pessoa da Triunidade. A santidade de Deus é central em seu ser, sendo especialmente destacada no Antigo Testamento (Lv 11.44; 19.2; Js 24.19; 1Sm 6.20; Sl 22.3; Is 57.15). A santidade de Deus indica que ele é absolutamente puro e perfeito, sem qualquer pecado ou maldade; seu próprio ser é o resplendor e o derramamento da pureza, da verdade, da justiça, da retidão, da bondade e de toda perfeição moral.

15 – IRA: Deus odeia intensamente o pecado, e isto está associado à santidade e a justiça de Deus. Ele se opõe a tudo que vai contra o seu caráter moral. “Lembrai-vos e não vos esqueçais de muito provocastes à ira do Senhor, vosso Deus no deserto; desde o dia em que saíste da terra do Egito, até que chegaste a este lugar, foste rebelde contra o Senhor; pois, em Horebe, tanto provocastes a ira ao Senhor, que a ira do Senhor se acendeu contra vós para vos destruir” (Dt 9.7-8) Um exemplo da ira divina encontra-se na execução do dilúvio nos dias de Noé (Gn 6-8)

16 – ONIPOTÊNCIA: Isto é claramente expresso na pergunta: “Acaso para Deus há coisa demasiadamente difícil?”, feita depois de Deus ter prometido a Abraão e Sara um filho em idade avançada – Gn 18.14, e repetida novamente com sua promessa de restaurar e libertar a Jerusalém face a sua destruição iminente pelo exército babilônico – Jr 32.27. Em ambos os casos a promessa divina foi cumprida à risca. O Novo Testamento contém igualmente um testemunho semelhante quanto à onipotência de Deus. Ele se revela como o Deus para quem “nada é impossível”.
(Gn 17.1; 18.14; Sl 24.8; 33.9; 89.13; 115.3; Hb 1.3; Ef 3.20,21; Sl 24.8; Jr 32.27; 2Co 6.18; Ap 1.8; Lc 1.37; Mt 19.26; Tt 1.2; Hb 6.18; 2Tm 2.13; Tg 1.13, 17).

17 – ONISCIÊNCIA: Esta perfeição está intimamente ligada à sua onipresença (Sl 139.1-12). As implicações práticas são semelhantes e perturbadoras, mas trazem ao mesmo tempo segurança: Deus vê e, portanto, tudo sabe. Isso é, em especial, pertinente ao juízo, sendo simbolicamente expresso pela “abertura dos livros” (Ap 20.12).

18 – AMOR: “Deus é amor” (1Jo 4.8) é a definição bíblica mais conhecida de Deus. Nos contextos humanos, porém, o amor inclui uma considerável variedade de atitudes e atos. Em relação a Deus, trata-se de uma idéia muito específica. “Nisto consiste o amor... em que... enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” 1Jo 4.10; “Nisto se manifestou o amor de Deus... em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo” 1Jo 4.9. O termo agapê aqui presente tem comparativamente pouco uso fora do Novo Testamento. A palavra grega comum, eros, fala de um amor associado a alguém digno, enquanto agapê é o amor pelos indignos, por alguém que perdeu todo o direito à devoção do amado. O amor de Deus, agapê, é principalmente expresso na redenção dos pecadores e em tudo que está ligado a isso.

19 – MISERICÓRDIA: É o exercício do amor de Deus para com os aflitos e angustiados. A diferença básica entre graça e misericórdia é que aquela vê os homens pecadores culpados e condenados, concedendo perdão, enquanto que esta os vê miseráveis e necessitados, agindo afetuosamente para com eles, ou seja, concedendo alívio. É proveitoso afirmar que a misericórdia é uma extensão da graça de Deus. (2Sm 24.14; Mt 9.27; 2Co 1.3; Hb 4.16; 2.17; Tg 5.11). “E depois de tudo o que nos tem sucedido por causa das nossas más obras, e da nossa grande culpa, ainda assim tu, ó nosso Deus, nos tens castigado menos do que merecem as nossas iniqüidades, e ainda nos deixaste este remanescente…” Ed 9.13.

20 – PACIÊNCIA: É o poder de controle que Deus exerce sobre si mesmo, agindo complacentemente para com o ímpio, detendo por um tempo o castigo que este merece. Este atributo, ainda que beneficie a criatura, concerne, no entanto a Deus, pois é o poder que ele controla sua ira, adiando o julgamento, continuando a oferecer salvação e graça por longos períodos. Nm 1.3; Sl 86.15; Rm 2.4; 9.22; 1Pe 3.20; 2Pe 3.9; Tg 1.19; Jn 4.21; Sl 103.8-9. Que seria dos “Pedros” se Deus não fosse paciente?

IMPLICAÇÕES DO ESTUDO DOS ATRIBUTOS: De que nos serve sabermos sobre os atributos de Deus? Em que mudaria a nossa vida tudo que estudamos até agora sobre a pessoa de Deus? Além das razões que eu mencionei na introdução, é imprescindível nos dias de hoje que os atributos de Deus estão ligados com a maneira como nós O servimos. Se eu não conheço a Deus como posso adorá-lo? Amá-lo? Servi-lo? Orar? Senão, vejamos:

Se Deus é SINGULAR, então não posso me associar a nenhum outro deus;
Se Deus é INFINITO, então Ele é maior que minha própria vida;
Se Deus é ETERNO, então podemos confiar nEle em qualquer tempo;
Se Deus é INTELIGENTE, então posso confiar em suas decisões a meu respeito;
Se Deus tem VONTADE, então eu preciso descobrir a Sua vontade para minha vida;
Se Deus é SÁBIO, então preciso dEle na minha ignorância;
Se Deus é BOM, então em Suas mãos estarei seguro;
Se Deus é JUSTO, então entregarei a Ele as injustiças por mim sofridas;
Se Deus é AUTO-EXISTENTE, não precisa de mim, mas eu preciso dEle;
Se Deus é IMUTÁVEL, então a minha fé pode descansar em Seu Ser;
Se Deus é ONIPRESENTE, então não preciso fazer peregrinações para locais “santos” para encontrá-Lo;
Se Deus possui PRESCIÊNCIA, então eu sei que Ele me amou antes da fundação do mundo;
Se Deus é SOBERANO, então nada pode pegá-lo de surpresa, até mesmo as piores calamidades;
Se Deus é SANTO, então preciso buscar a santidade, pois Ele me diz: “Sede santo”;
Se Deus se IRA, então preciso entender que não posso pecar contra Ele;
Se Deus é ONIPOTENTE, então porque me preocupo com os meus problemas mais do que deveria?;
Se Deus é ONISCIENTE, então não posso enganá-Lo em momento algum;
Se Deus é AMOR, então posso crer em seu perdão;
Se Deus é MISERICÓRDIA, então eu sei que, embora exista o inferno, ele não é para mim;
Se Deus é PACIENTE, então sabe qual o melhor momento para agir.

Antônio Pereira Jr.
oapologista@yahoo.com.br
SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER
(Somente a Deus damos a glória agora e sempre)


BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

A. W. PINK, Deus é Soberano. Editora Fiel.
A. W. PINK, Os Atributos de Deus. Editora Fiel.
CHARLES HODGE, Teologia Sistemática. Editora Hagnos.
COLIN BROWN, (Org.) Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Vida Nova. (2 volumes).
E. H. BANCROFT, Teologia Elementar. Editora Batista Regular.
HERMANN BAVINCK, Teologia Sistemática. Socep.
LEWIS SPERRY CHAFER, Teologia Sistemática: Volumes 1, 2 e 3. Imprensa Batista Regular.
LOUIS BERKHOF, Teologia Sistemática. Editora Luz para o Caminho.
MILLARD J. ERICKSON, Introdução à Teologia Sistemática. Vida Nova.
MYER PERLMAN, Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Editora Vida.
WAYNE GRUDEM, Teologia Sistemática. Vida Nova.
WAYNE H. HOUSE, Teologia Cristã em Quadros. Editora Vida.



sexta-feira, 17 de abril de 2015

O QUE É HERESIA?

O QUE É HERESIA?


“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”.
Colossenses 2.8


Para a maioria das pessoas os termos: seita, heresia, apologética etc, é de difícil elucidação e trazem, na maioria das vezes, confusões e discrepâncias. Talvez por falta de informação e formação teológica, muitos líderes estão ministrando heresias destruidoras no seio da igreja cristã. Isso é deveras preocupante. Termos como: conversão, arrependimento, regeneração, justificação, propiciação, dentre outros, estão sendo substituídos por: decretar, maldição, reivindicar, apossar-se, tomar posse da bênção etc.

Urge a necessidade de, mais do que nunca, o líder estar de acordo com 1Tm 3.2 que diz: “é necessário, pois, que o bispo seja… apto para ensinar”. Mas a aptidão ao ensino só vem com esmero estudo das Escrituras Sagradas, o que muitos não querem. Preferem copiar a moda vigente. A “Teologia do Momento” é muito mais atraente e fácil. Traz satisfação ao ego, massageia a nossa alma narcisista. O evangelho do aplauso é mais vistoso do que o evangelho da cruz. Dá mais status.

Amados, devemos lembrar-nos do que diz o apóstolo Paulo: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. Tu , porém, sê sóbrio em tudo , sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério”. 2Tm 4.3-5

Enquanto muitos estão embriagando-se com os sistemas hodiernos de uma eclesiologia doente, somos advertidos para sermos sóbrios no meio dos bêbados-hereges. Paulo diz-nos que para cumprirmos o nosso ministério não é preciso tomar um porre de pseudodoutrinas. Basta sermos fieis aquele que nos chamou.

Mas, afinal, o que significa as palavras seita e heresia? Ambas derivam da palavra grega “ háiresis” , que significa escolha, partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escola etc. A palavra heresia é adaptação de “háiresis” . Quando passada para o latim, “háiresis” virou “secta” . Foi do latim que veio a palavra seita. Originalmente, a palavra não tinha sentido pejorativo. Quando o Cristianismo foi chamado de seita (At 24.5), não foi em sentido depreciativo. Os líderes judaicos viam os cristãos como mais um grupo, uma facção dentro do judaísmo. Com o tempo, “háiresis” também assumiu conotação negativa, como em 1Co 11.19; Gl 5.20; 1Pe 1.1-2.

Em termos teológicos, podemos dizer que seita refere-se a um grupo de pessoas e que heresia indica as doutrinas antibíblicas defendidas pelo grupo. Baseando-se nessa explicação, podemos dizer que um cristão imaturo pode estar ensinando alguma heresia, sem, contudo, fazer parte de uma seita.

Vejamos ainda algumas definições de apologistas famosos:

1ª “um grupo de indivíduos reunidos em torno de uma interpretação errônea da Bíblia, feita por uma ou mais pessoas”. Dr. Walter Martin.

2ª “é uma perversão, uma distorção do Cristianismo bíblico e/ou a rejeição dos ensinos históricos da Igreja Cristã”. Josh McDoweell e Don Stewart.

3ª “Qualquer religião tida por heterodoxa ou mesmo espúria”. J. K. Van Baalen.

A palavra doutrina vem do latim “doctrina”, que significa ensino. Referindo-se a qualquer tipo de ensino ou a algum ensino específico. Algumas pessoas confundem doutrina com a questão de usos e costumes. Alguns falam: “a minha igreja tem doutrina”. Quando, possivelmente, lá existam na realidade muitas heresias. O verdadeiro ensino bíblico e teológico é que constitui a verdadeira doutrina.

Apologia significa defesa. Algumas pessoas fazem apologia às drogas, ao crime etc, mas dentro da heresiologia, apologia significa fazer uma defesa da fé cristã ortodoxa. Defender a igreja contra ensinos de demônios e de homens cujo deus é o ventre. É defender a fé que “de uma vez por todas foi entregue aos santos”. (Jd 3). O trabalho do apologista é difícil e, muitas vezes, incompreendido até mesmo dentro de sua denominação.

Quando o apóstolo Pedro nos pede para “…estar sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15); a palavra “responder”, é apologia. Ou seja, Pedro nos diz que devemos estar preparados para fazer uma defesa segura de nossa fé. Como alguém que está sendo acusado em um júri. Será que todos nós, líderes, ovelhas e pastores, temos esta condição de sermos apologistas da fé cristã? Ou estamos descendo de ladeira abaixo rumo às falácias de homens incautos e arrogantes, que “não sabem o que dizem sem as coisas sobre as quais fazem ousadas asseverações?” Pois são pessoas que“resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”. 2Tm 3.8b.

Portanto, as heresias podem ser encontradas em vários lugares. Muitos se enganam por pensarem que heresias existem apenas nas seitas conhecidas. Existem heresias destruidoras nas mais diversas igrejas, inclusive nas que se proclamam cristãs ou evangélicas. Que Deus nos dê a Sua graça, e nos ajude. Parafraseando Lutero: que a nossa mente esteja cativa à Palavra de Deus.


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Antônio Pereira Jr.
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SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER
(Somente a Deus damos a glória agora e sempre)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

NÃO SOU ISRAELITA, NEM QUERO SER.

NÃO SOU ISRAELITA, NEM QUERO SER.

“Também vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus”. Mateus 8.11

Existe hoje um retrocesso de algumas igrejas e pastores com relação a certas práticas judaicas que nada tem a ver com a Verdade do Evangelho. Alguns cristãos estão querendo judaizar a Igreja de Cristo. Foi assim no passado, tem sido assim nos dias hodiernos. Acreditam que a Igreja deveria realizar certas práticas judaicas para que seu culto seja aceito pelo Deus “judeu”. Ora, Deus não é judeu, nem americano, nem brasileiro. Deus é Deus. Para se ter uma ideia, alguns advogam as seguintes práticas: a guarda do sábado como meio de salvação; tocar de costas para a congregação, por considerar os ministros de louvor como “levitas”; uso do Shofar, para liberar unção ou invocar Deus  – em minha opinião isso é ridículo, pois contradiz o que Jesus disse em João 4.21-23 (pode-se usar o Shofar no culto como qualquer instrumento musical, desde que não se acredite que é o instrumento “especial” que “libera” a presença de Deus, nem Shofar, nem harpa, nem guitarra ou qualquer outro); observância de festas Judaicas – que devem ser celebradas pelos judeus de verdade, pois faz parte de sua cultura, e não pelos genéricos; uso do Kipá e Talit, que são as vestimentas que os judeus praticantes usam para ir a sinagoga; tirar os calçados ao entrar na igreja (alguns já chamam de tabernáculo ou sinagoga) – por estar pisando em lugar santo; uso excessivo de símbolos judaicos tais como, a bandeira de Israel, o Menorah ou a Estrela de Davi etc.  

Festas Judaicas, Sabbath, tradições e liturgias judaizantes não são exigidas dos cristãos gentílicos. A Bíblia declara que foram abolidas – Rm 14.5; Gl 4.9-11; Cl 2.8; Cl 2.16-17. Veja o que um judeu de verdade, o grande apóstolo Paulo, que tinha a consciência transformada pela Graça, acha disso tudo: Gl 4.21-26; Gl 3.1. Aliás toda a epístola de Paulo aos Gálatas é um combate feroz e final para os judaizantes daquela época e da nossa também. Vele a pena lê-la toda.

Quando digo que não quero ser judeu, não estou, de forma alguma menosprezando a grande nação de Israel. Não sou judeu porque, simplesmente, nasci no Brasil, portanto, sou brasileiro. Creio que a própria existência de Israel, como nação, é um milagre. Não se pode negar que existem promessas de Deus com relação ao Seu povo do Antigo Pacto – Jr 31.35; Ex 3.16; Lv 20.26; Dt 10.12-15. No entanto, os judeus, como nação, rejeitaram a Jesus – Jo 1.11; não creram no Evangelho. Os Dispensacionalistas creem que existem dois planos distintos: um para Israel e outro para a Igreja. Hoje, grande parte dos congregacionais (denominação da qual faço parte) são pré-milenistas e dispensacionalistas. O dispensacionalismo popularizou-se por causa de John Nelson Darby e das anotações da Bíblia de Scofield. Um dos problemas, a meu ver, é que alguns cristãos chegam até a idolatrar a nação de Israel. Aplaudem os seus erros e idolatram seus acertos. No entanto, o que realmente a Bíblia diz sobre o assunto? Quem é o povo de Deus hoje: Israel ou a igreja?

Sempre tem quem diga que o termo “igreja” não surge no chamado Antigo Testamento, mas esta é uma ideia que tem a sua origem no fato de lermos traduções bíblicas nas nossas próprias línguas e pelas interpretações dos Dispensacionalistas. O termo “Igreja” deriva da palavra grega “ekklesia”, que é uma tradução do termo hebraico “qahal”, que é repetidas vezes aplicada à congregação de Israel. Na Septuaginta, a “congregação de Israel” passa a ser a “ekklesia de Israel”. Todos estes termos têm um mesmo significado, uma assembléia ou congregação de pessoas, de chamados para fora, neste caso, os que seguem a Deus (Igreja de Deus ou “Qahal HaElohim”/ “Qahal YHWH”, no hebraico, ou “ekklesia” no grego). O Israel de Deus é a Igreja e a Igreja é composta dos eleitos, tanto do Velho quanto do Novo Testamento, até o presente século, ou seja, o Israel de Deus – o Seu povo eleito. Aqueles criam, pela fé, pela Graça e não pela Lei, no Messias que haveria de vir; nós, da mesma forma, pela fé, pela Graça, no Messias que já veio. Lucas refere-se ao antigo Israel como “a ekklesia que esteve no deserto”. (Atos 7.38)

E as promessas de Deus com relação a Israel? Greg L. Bahnsen [1] nos diz que: O grande Paulo explica a questão em Romanos. Ele estava grandemente perturbado com a rejeição de Cristo pelos seus irmãos segundo a carne, os israelitas (9:1-5). A palavra de Deus falhou? (v. 6). Paulo responde essa pergunta mediante as palavras de Romanos 9. Nem todo na nação de Israel era verdadeiramente povo de Deus. Essa diferenciação era de acordo com o propósito soberano de Deus na eleição. A promessa pactual de Deus nunca garantiu a salvação para todos do Israel étnico, diz Paulo, mas fez provisão para a inclusão dos gentios na salvação. Em Romanos 10 Paulo explica o grave erro teológico dos judeus, sendo ignorantes da justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria (v. 3). Embora um evangelho gracioso tenha sido publicado aos judeus por todo o Antigo Testamento, e embora Israel fosse obstinado contra ele, as boas novas foram descobertas pelos gentios (vv. 16-21). Paulo viu que a nação de Israel tinha rejeitado a Cristo, e que a igreja estava agora crescendo através da conversão dos gentios. Assim, em Romanos 11.1 Paulo faz a dolorosa pergunta se Deus rejeitou o seu povo. Os judeus étnicos tinham sido expulsos totalmente do reino de Deus? Eles têm algum futuro? Paulo insiste que Deus não rejeitou totalmente os judeus (vv. 2-4). Seu amor e eleição reservou um remanescente entre Israel (vv. 5-6) – em cuja promessa Paulo fazia parte, como tantos outros judeus que foram salvos –, embora muitos foram endurecidos pela sua auto-justiça (vv. 7-10). Poderíamos dizer então que Israel tropeçou. O propósito de Deus era fazer Israel tropeçar, para que caísse totalmente? Paulo nega isso (v. 11). Antes, Israel rejeitou o Messias como seu salvador, com o resultado que a salvação viria aos gentios (cf. Atos 13:46, 18:6, 28:28). A salvação dos gentios, além disso, foi pretendida por Deus “para pô-los (Israel) em ciúmes”. Paradoxalmente, a presente incredulidade de Israel (que envia o evangelho aos gentios) servirá ao propósito de restaurar Israel à fé! Assim, quanto mais o ministério de Paulo aos gentios encontra sucesso, mais a causa da salvação de Israel é promovida (vv. 13-14) mediante essa provocação ao ciúme. (grifo nosso)

Por fim, Jesus disse: “Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado [Israel] e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos” (Mateus 21.43). Todos aqueles que seguiram nos passos da fé de Abraão – quer judeus ou gentios – foram contados como sua semente: “Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão… E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl 3.7, 29). A nação de Israel era apenas um passo no plano abrangente de Deus de criar um corpo internacional como seu povo escolhido. E ainda: “Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente” (Rm 2.28-29). “Não pode haver judeu nem grego… porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28). “Em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável” e Deus “não estabeleceu distinção alguma entre nós (os judeus) e eles (os gentios), purificando-lhes pela fé o coração” (At 10:35, 15:9). As promessas a Abraão e à nação de Israel no Antigo Testamento foram todas feitas em e por meio de Cristo, para o verdadeiro povo de Deus. A igreja de Jesus Cristo (gentios e judeus) é agora o Reino de Deus, o povo de propriedade exclusiva de Deus, e como tal herda as bênçãos prometidas a Abraão e a Israel. Deus abençoe os Israelitas e que eles se convertam para serem, de fato, filhos de Deus. Eu prefiro ser brasileiro, salvo e resgatado pelo sangue do Cordeiro.

SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER
Pr. Antônio Pereira da Costa Júnior
E-mail: oapologista@yahoo.com.br

DEUS NÃO ESTÁ MORTO - DICA DE LEITURA


DICA DE LEITURA: "DEUS NÃO ESTÁ MORTO"

Li o livro: "Deus Não Está Morto". Autor: Rice Broocks. Editora: Thomas Nelson Brasil. 256 pg.

O livro não é contando a história do filme, que, aliás, deixa muito a desejar. O livro é embasado em fatos e em argumentação científicas, aumentando os argumentos contra o ateísmo. Rice Broocks traz argumentos convincentes para todos que querem ter respostas racionais para combater os céticos.O livro tem o prefácio de Augusto Cury já bem conhecido do público brasileiro. Vale a pena ler...

Recomendo o livro para universitários, seminaristas, apologistas, pastores e líderes em geral.


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

DICA DE LEITURA: "O CAMINHO DAS PEDRAS"



DICA DE LEITURA:

Li o livro: "O Caminho das Pedras" Autor: Ryoki Inoue. Editora: Summus Editorial. 118 pg.

O escritor Ryoki Inoue é brasileiro, autor de mais de 1.000 livros. É o escrito com mais livros publicados segundo o Guinness Book. Nesse livro ele traz dicas breves para quem quer se aventurar em escrever um livro. Não vem com fórmulas mágicas. Sua ênfase é na organização, disciplina e seriedade para se fazer uma boa oba literária.

Pra quem não conhece nada de técnica literária é um bom começo. Um ponto negativo, na minha opinião, é que ele deveria ser mas detalhado em alguns pontos. Me decepcionei com o número de páginas (apenas 118) e com a qualidade gráfica do livro (parece livro descartado num porão da editora). Li a 3a edição e, acho, deveriam melhorar um pouco mais, fazer uma edição mais atual, revista, quem sabe fazê-lo com orelhas, indicações de pesquisa, etc.

Recomendo para quem realmente não conhece nada de técnicas literárias. Para um escritor um pouco mais exigente, aconselho o livro: "Vencendo o desafio de escrever um romance", do mesmo autor, e que trata de vários pontos tratados neste, só que com mais profundidade.