NÃO SOU ISRAELITA, NEM
QUERO SER.
“Também vos digo que muitos
virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e
Jacó, no reino dos céus”. Mateus 8.11
Existe hoje um retrocesso de algumas igrejas e
pastores com relação a certas práticas judaicas que nada tem a ver com a
Verdade do Evangelho. Alguns cristãos estão querendo judaizar a Igreja de
Cristo. Foi assim no passado, tem sido assim nos dias hodiernos. Acreditam que
a Igreja deveria realizar certas práticas judaicas para que seu culto seja
aceito pelo Deus “judeu”. Ora, Deus não é judeu, nem americano, nem brasileiro.
Deus é Deus. Para se ter uma ideia, alguns advogam as seguintes práticas: a
guarda do sábado como meio de salvação; tocar de costas para
a congregação, por considerar os ministros de louvor como “levitas”; uso do Shofar, para liberar unção ou invocar
Deus – em minha opinião isso é ridículo,
pois contradiz o que Jesus disse em João 4.21-23 (pode-se usar o Shofar no culto como qualquer instrumento musical, desde
que não se acredite que é o instrumento “especial” que “libera” a presença de
Deus, nem Shofar, nem harpa, nem guitarra ou qualquer outro); observância
de festas Judaicas – que devem ser
celebradas pelos judeus de verdade, pois faz parte de sua cultura, e não pelos
genéricos; uso do Kipá e Talit, que são as vestimentas que os judeus
praticantes usam para ir a sinagoga; tirar os calçados ao entrar na igreja (alguns
já chamam de tabernáculo ou sinagoga) – por
estar pisando em lugar santo; uso excessivo de símbolos judaicos tais como,
a bandeira de Israel, o Menorah ou a Estrela de Davi etc.
Festas Judaicas,
Sabbath, tradições e liturgias judaizantes não são exigidas dos cristãos
gentílicos. A Bíblia declara que foram abolidas – Rm 14.5; Gl 4.9-11; Cl 2.8; Cl
2.16-17. Veja o que um judeu de verdade, o grande apóstolo Paulo, que tinha a
consciência transformada pela Graça, acha disso tudo: Gl 4.21-26; Gl 3.1. Aliás
toda a epístola de Paulo aos Gálatas é um combate feroz e final para os
judaizantes daquela época e da nossa também. Vele a pena lê-la toda.
Quando digo que não quero ser judeu, não estou,
de forma alguma menosprezando a grande nação de Israel. Não sou judeu porque,
simplesmente, nasci no Brasil, portanto, sou brasileiro. Creio que a própria
existência de Israel, como nação, é um milagre. Não se pode negar que existem
promessas de Deus com relação ao Seu povo do Antigo Pacto – Jr 31.35; Ex 3.16;
Lv 20.26; Dt 10.12-15. No entanto, os judeus, como nação, rejeitaram a Jesus –
Jo 1.11; não creram no Evangelho. Os Dispensacionalistas creem que existem dois
planos distintos: um para Israel e outro para a Igreja. Hoje, grande parte dos
congregacionais (denominação da qual faço parte) são pré-milenistas e dispensacionalistas.
O dispensacionalismo popularizou-se por causa de John Nelson Darby e das
anotações da Bíblia de Scofield. Um dos problemas, a meu ver, é que alguns
cristãos chegam até a idolatrar a nação de Israel. Aplaudem os seus erros e
idolatram seus acertos. No entanto, o que realmente a Bíblia diz sobre o
assunto? Quem é o povo de Deus hoje: Israel ou a igreja?
Sempre tem quem diga que o termo
“igreja” não surge no chamado Antigo Testamento, mas esta é uma ideia que tem a
sua origem no fato de lermos traduções bíblicas nas nossas próprias línguas e
pelas interpretações dos Dispensacionalistas. O termo “Igreja” deriva da
palavra grega “ekklesia”, que é uma tradução do termo hebraico “qahal”, que é repetidas
vezes aplicada à congregação de Israel. Na Septuaginta, a “congregação de
Israel” passa a ser a “ekklesia de Israel”. Todos estes termos têm um mesmo
significado, uma assembléia ou congregação de pessoas, de chamados para fora,
neste caso, os que seguem a Deus (Igreja de Deus ou “Qahal HaElohim”/ “Qahal
YHWH”, no hebraico, ou “ekklesia” no grego). O Israel de Deus é a Igreja e a
Igreja é composta dos eleitos, tanto do Velho quanto do Novo Testamento, até o
presente século, ou seja, o Israel de Deus – o Seu povo eleito. Aqueles criam,
pela fé, pela Graça e não pela Lei, no Messias que haveria de vir; nós, da
mesma forma, pela fé, pela Graça, no Messias que já veio. Lucas refere-se ao
antigo Israel como “a ekklesia que esteve no deserto”. (Atos 7.38)
E as promessas de
Deus com relação a Israel? Greg L. Bahnsen [1] nos diz
que: O grande Paulo explica a questão em Romanos. Ele
estava grandemente perturbado com a rejeição de Cristo pelos seus irmãos
segundo a carne, os israelitas (9:1-5). A palavra de Deus falhou? (v. 6). Paulo
responde essa pergunta mediante as palavras de Romanos 9. Nem todo na nação de
Israel era verdadeiramente povo de Deus. Essa diferenciação era de acordo com o
propósito soberano de Deus na eleição. A promessa pactual de Deus nunca
garantiu a salvação para todos do Israel étnico, diz Paulo, mas fez provisão
para a inclusão dos gentios na salvação. Em Romanos 10 Paulo explica o grave
erro teológico dos judeus, sendo ignorantes da justiça de Deus e procurando
estabelecer a sua própria (v. 3). Embora um evangelho gracioso tenha sido
publicado aos judeus por todo o Antigo Testamento, e embora Israel fosse
obstinado contra ele, as boas novas foram descobertas pelos gentios (vv.
16-21). Paulo viu que a nação de Israel tinha rejeitado a Cristo, e que a
igreja estava agora crescendo através da conversão dos gentios. Assim, em
Romanos 11.1 Paulo faz a dolorosa pergunta se Deus rejeitou o seu povo. Os
judeus étnicos tinham sido expulsos totalmente do reino de Deus? Eles têm algum
futuro? Paulo insiste que Deus não rejeitou totalmente os judeus (vv. 2-4). Seu
amor e eleição reservou um remanescente entre Israel (vv. 5-6) – em cuja promessa Paulo fazia parte, como
tantos outros judeus que foram salvos –, embora muitos foram endurecidos
pela sua auto-justiça (vv. 7-10). Poderíamos dizer então que Israel tropeçou. O
propósito de Deus era fazer Israel tropeçar, para que caísse totalmente? Paulo
nega isso (v. 11). Antes, Israel rejeitou o Messias como seu salvador, com o
resultado que a salvação viria aos gentios (cf. Atos 13:46, 18:6, 28:28). A
salvação dos gentios, além disso, foi pretendida por Deus “para pô-los (Israel)
em ciúmes”. Paradoxalmente, a presente incredulidade de Israel (que envia o
evangelho aos gentios) servirá ao propósito de restaurar Israel à fé! Assim,
quanto mais o ministério de Paulo aos gentios encontra sucesso, mais a causa da
salvação de Israel é promovida (vv. 13-14) mediante essa provocação ao ciúme. (grifo nosso)
Por fim, Jesus disse: “Portanto, vos digo que o reino de Deus vos
será tirado [Israel] e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos
frutos” (Mateus 21.43). Todos aqueles que seguiram nos passos da fé de
Abraão – quer judeus ou gentios –
foram contados como sua semente: “Sabei,
pois, que os da fé é que são filhos de Abraão… E, se sois de Cristo, também
sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl 3.7, 29). A
nação de Israel era apenas um passo no plano abrangente de Deus de criar um
corpo internacional como seu povo escolhido. E ainda: “Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente” (Rm 2.28-29). “Não pode haver judeu nem grego… porque
todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28). “Em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é
aceitável” e Deus “não estabeleceu distinção
alguma entre nós (os judeus) e eles (os gentios), purificando-lhes pela fé o
coração” (At 10:35, 15:9). As promessas a Abraão e à nação de Israel no
Antigo Testamento foram todas feitas em e por meio de Cristo, para o verdadeiro
povo de Deus. A igreja de Jesus Cristo (gentios e judeus) é agora o Reino de Deus,
o povo de propriedade exclusiva de Deus, e como tal herda as bênçãos prometidas
a Abraão e a Israel. Deus abençoe os Israelitas e que eles se convertam para
serem, de fato, filhos de Deus. Eu prefiro ser brasileiro, salvo e resgatado
pelo sangue do Cordeiro.
SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER
Pr. Antônio Pereira da Costa Júnior
E-mail: oapologista@yahoo.com.br
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